sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Conexão Jornalismo - Padres gays fazem pacto de morte - comunidade está em choque
Opera Mundi
Caso chocou comunidade católica de Bogotá; um dos sacerdotes tinha sífilis e HIV
Ao longo dos últimos 27 anos, foram assassinados 74 sacerdotes na Colômbia. Mas a história dos padres Rafael Reátiga Rojas e Richard Piffano é um pouco diferente. Os corpos dos dois abades foram encontrados no dia 26 de janeiro de 2011 em um carro no bairro Dindalito, em Bogotá. Piffano tinha dois ferimentos de bala na parte de trás da cabeça. Reátiga, um tiro no peito e um rosário na mão direita.
A morte dos dois padres, muito queridos pelas comunidades do bairro Kennedy e do município de Soacha, foi uma notícia que impactou todo o país. Para a Igreja Católica tratava-se de “um enigma, uma dor muito grande".
Mas um ano depois, o país ficou ainda mais chocado quando a promotora do caso, Ana Patricia Larrota, expôs o resultado de sua investigação: “os padres Rafael Riatiga e Richard Armando Pifano [na foto ao lado respectivamente à esquerda e à direita] haviam pago pela própria morte o equivalente a 15 milhões de pesos (8.500 dólares)”.
A surpresa aumentou quando a promotora explicou que o padre Rafael sofria de AIDS e sífilis e que o dono de um bar gay da região de Chapinero, em Bogotá, o havia reconhecido como um cliente habitual.
Depois, Patricia Larrota passou a reconstruir os detalhes dos últimos dias dos dois padres, revelados através de interceptações e inquéritos feitos com varias pessoas vinculadas ou próximas dos religiosos.
Na semana anterior à morte, eles aparentemente dirigiram até o Cañón de Chicamocha para se suicidarem: “sem dúvida, não puderam fazê-lo por conta das cercas de proteção”, afirmou a promotora.
Segundo a promotoria, ao voltarem para Bogotá, se aproximaram de um grupo de jovens pertencentes a uma gangue: “no dia de 26 de janeiro (dia do assassinato) os padres se comunicaram em várias oportunidades com os pistoleiros e engendraram todo o plano. A hora e o lugar do encontro fatal".
Nos últimos dias de vida, o padre Rafael se disse doente e em várias ocasiões pediu aos fiéis que rezassem muito por ele.
Sustentando a tese da promotoria, um dos três pistoleiros revelou que os religiosos “mostraram seus desejos de morrer" diversas vezes. Os três assassinos foram capturados graças à recuperação dos números discados pelos dois sacerdotes.
Como última prova, as duas secretárias dos abades contaram que eles pediram substitutos para o dia do homicídio, porque não poderiam conduzir a missa. Nos dias anteriores, Reátiga passou todas as suas propriedades para o nome de sua mãe e Piffano sacou seis milhões de pesos, todas as suas economias, e doou-as para a Associação de Padres de Família do Colégio San Juan de La Cruz de Kennedy.
A investigação não pôde comprovar se os dois foram amantes e dedicou-se somente a descobrir um suposto pacto de sangue, sobre o qual não existem mais detalhes. Mas a promotoria conseguiu o testemunho de Fabio Jaramillo, que foi objeto de perseguição sexual por parte do padre Rafael Reátiga em anos anteriores.
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