sexta-feira, 2 de março de 2012

Conexão Jornalismo - Dilma exige punição para generais rebelados - Militar promete recorrer

Dilma garante: passarão!
Militares da reserva desafiam o governo Dilma. Esperam dela o mesmo temor de outros governantes. General reformado e ex-comandante da Amazonia diz que vai recorrer de qualquer punição.
Leia as reportagens abaixo.

A presidente Dilma Rousseff (PT) ficou irritada com uma nova declaração divulgada por militares da reserva. O comunicado, assinado por 98 oficiais, saiu em defesa do manifesto que havia sido lançado pelos clubes das três Forças Armadas com críticas a Dilma e às ministras dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT), e das Mulheres, Eleonora Menicucci (PT).


Na nota mais recente, batizada de “Alerta à nação”, os oficiais da reserva manifestam apoio ao Clube Militar – que reúne integrantes da ativa e da reserva do Exército – por ter divulgado um texto criticando declarações das duas ministras.  “Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo”, ataca a nota.

A declaração foi publicada no site “A verdade amordaçada”, mantido pela esposa do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI de São Paulo e acusado de ter torturado diversos presos políticos.

Dilma considerou o texto uma “afronta” e se reuniu na quarta-feira (29) com o ministro da Defesa, Celso Amorim. A presidente determinou que ele conversasse com os comandos das três Forças Armadas e determinasse punições aos oficiais da reserva que assinaram a nota.

Dilma teria cogitado mandar prender um dos generais, mas acabou mudando de ideia. Amorim falou pessoalmente com dois dos comandantes das Forças, e por telefone com o terceiro, e deixou com eles a escolha da punição a ser adotada, segundo o código disciplinar de cada Força. Os códigos disciplinares do Exército, Aeronáutica e Marinha preveem advertências, repreensões, prisão e até o desligamento das Forças, de acordo com a infração.

Nos dois manifestos, os militares da reserva fizeram duras críticas à Comissão da Verdade, órgão que terá sete integrantes escolhidos pela presidente Dilma para investigar, durante dois anos, os crimes praticados pelas ditaduras de Getúlio Vargas (1937-1945) e dos militares (1964-1985). Dilma deve nomear nos próximos dias os integrantes do colegiado.

MILITAR PROMETE RECORRER DE PUNIÇÃO

Nâo passarão!

BRASÍLIA - O general-de-Exército da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, ex-comandante Militar da Amazônia e ex-presidente do Clube Militar, primeiro oficial-general quatro estrelas a assinar o manifesto, 'Alerta à Nação - eles que venham, por aqui não passarão' não tinha sido informado oficialmente até o final da tarde de dessa quinta-feira, 1º, sobre nenhuma reprimenda por parte do governo. No manifesto os militares endossam as críticas à Presidente Dilma Rousseff, por não ter censurado suas ministras que pediram a revogação da Lei de Anistia e não reconhecem a autoridade do ministro da Defesa, Celso Amorim.
Ao falar ao à Agência Estado, o general classificou como 'surpreendente' a maneira como a presidente Dilma está lidando com esse assunto, ironizando que a repercussão que o caso está tendo é 'excelente'. O general Figueiredo lembra que, no tempo em que era presidente do Clube Militar, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficava até 'frustrado' pela forma como Lula lidava com o tema, ignorando os protestos e as notas divulgadas pelos militares, enterrando as polêmicas em menos de um dia. 'Agora, virou assunto nacional e o número de assinaturas de adesão ao documento só cresce', declarou.
O general Figueiredo disse que, se receber e quando receber a repreensão vai consultar seu advogado para recorrer da punição, que considera 'inaceitável'. 'Se eles não dessem pelota para o fato, ele já tinha se encerrado. Não vou aceitar ser cerceado do meu direito de expressar minha opinião', afirmou ele, lembrando que pela lei assinada por Sarney, em 86, os militares da reserva têm direito de se manifestar. 'Esta lei me garante o direito de manifestação. Não ofendi ninguém. Estou exercendo meu direito de expressar minha opinião, como todo e qualquer cidadão', completou.

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