segunda-feira, 5 de março de 2012

Conexão Jornalismo - Eleição democrática é aquela que atende interesse americano?

A derrota legitima
A vitória denuncia











Havia uma grande expectativa de fraude nas eleições iranianas. Ahmadinejah manipularia resultados. Ele perdeu a eleição.
Logo, elas foram limpas.
No caso de Putin, vencedor com 64% dos votos, a expectativa de "fraude" se confirmou.
Será que é assim?


RÚSSIA: 64% DOS ELEITORES SERÃO IDIOTAS?
Durante os últimos meses a mídia conservadora difundiu a idéia de que a Rússia vivia um estágio terminal de descrédito em relação ao governo, sugerindo a iminência de um levante popular contra os alicerces da  corrupção e do autoritarismo. Não se diga que estes não existiriam. De um sistema político planejado para sancionar a transferência do patrimônio público ao controle de bandos oligárquicos  não se deve esperar virtudes republicanas.


Raramente, porém, a abordagem, ao menos no Brasil, contemplou a resistência e o ressentimento de amplas camadas da sociedade russa em relação aos valores dos livres mercados, o que explicaria a má vontade  em sancionar a instauração de um Estado fraco, sobre uma sociedade de joelhos, vencida e complacente com a espoliação de suas vísceras por apetites exacerbados pela crise neoliberal.  A população russa pode ser tudo, menos uma manada compacta de idiotas que, bovinamente, entregaria 64% dos votos a Putim, dando-lhe uma esmagadora 3ª eleição presidencial sem a necessidade de ir a 2º turno, em troca de nada . Como interpretar a colisão entre o vento de nacionalismo e Estado forte soprado das urnas e o prognóstico exatamente oposto, liberal privatista, martelado em manchetes categóricas? A mesma sensação de perplexidade avulta quando se compara o que aconteceu nas eleições parlamentares do Irã com  a estridência de uma cobertura jornalística anti-regime, que já se notabilizou por ocultar dados essenciais da questão nuclear iraniana. Primeiro, ela desqualificaria o pleito apostando na abstenção maciça contra o governo Ahmadinejad; frustrada a diáspora eleitoral  pelo comparecimento expressivo das camadas populares, agora destaca-se a derrota de Ahmadinejad, que teria perdido cadeiras no parlamento para a oposição. Quer dizer então que a farsa transmudou-se automaticamente em marco democrático,  na medida em que puniu o regime demonizado? Serão os iranianos tão maleáveis assim, a ponto de se transfigurarem de parvos em argutos  eleitores, do dia para a noite? Ou seremos nós, leitores, na concepção da mídia dominante, um bando de Homer Simpsons manejáveis impunemente pela ração diária de idiotia, semi-informação e meias-verdades que ela nos propicia?

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