Sangria financeira: futuro chega cada vez mais tarde |
Carta Maior
O BNDES aprovou na 4ª feira um empréstimo de R$ 1,5 bilhão ao Senai. Somados a outros R$ 400 milhões da própria instituição, os recursos vão financiar um programa destinado a praticamente dobrar o número de vagas em cursos profissionais, chegando a 4 milhões por ano, em 2014. Além de duplicar vagas, o dinheiro é suficiente também para ampliar o total de escolas da rede, com a construção de 53 novos Centros de Formação Profissional, seis institutos de Tecnologia, sete institutos de Inovação e 79 unidades móveis. Apertem os cintos: tudo isso está sendo feito com o equivalente a menos de 10% do superávit fiscal recorde obtido em janeiro ; foram R$ 20,8 bilhões integralmente destinados ao pagamento de juros aos rentistas da dívida pública brasileira. A economia feita pelo governo com essa finalidade cresceu mais de 46%, comparado a janeiro de 2011. Numa aproximação grosseira, pode-se inferir que se 50% desse valor fosse canalizado em benefício da educação profissionalizante seria possível abrir quase 10 milhões de vagas em bons centros de ensino (e não há motivo para que não contemplassem também uma formação humanista), beneficiando maciçamente a juventude pobre do país. Hoje, de cada três crianças que ingressam na escola pública, apenas uma chega ao final do ensino médio.Outras duas ficam pelo caminho, incorporando-se ao mercado de trabalho sem qualquer amparo ou formação. Insista-se, são cálculos rudimentares. Mas eles ilustram o país que o Brasil poderia ser e, sobretudo, um pedaço dos obstáculos que o condenam à inércia incremental, insuficiente para construir a sociedade justa que seu povo exige e merece.
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