Aécio era governador e a irmã cuidava dos negócios |
Da Redação
A rádio líder de audiência em Belo Horizonte pode dar muita dor de cabeça ao senador mineiro Aécio Neves, que já se movimenta como presidenciável do PSDB para 2014. A Rádio Arco-Íris, que tem tanto o senador como sua irmã Andrea Neves como sócios, será investigada pelo Ministério Público de Minas Gerais por ter recebido verbas publicitárias do Palácio da Liberdade entre 2003 e 2010. Neste período, Aécio governou Minas e a Andrea distribuiu os recursos publicitários.
De acordo com o Palácio da Liberdade, as verbas foram alocadas segundo critérios técnicos. A Rádio Arco-Íris retransmite a Jovem Pan em Belo Horizonte e teria sido a sexta de maior audiência na capital mineira em 2010 – ano em que recebeu R$ 210 mil em recursos oficiais. De acordo com o senador, a iniciativa do MP teria “caráter político”. Os procuradores, no entanto, alegam dano ao patrimônio público e ingerência política na distribuição dos recursos.
No período em que o atual senador comandou o Executivo mineiro, as despesas de órgãos da administração direta com "divulgação governamental" chegaram a R$ 489,6 milhões, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira de Minas Gerais (Siafi-MG), valor que ultrapassa R$ 815 milhões quando incluídos gastos de empresas, fundações e autarquias controladas pelo Executivo. Além da Rádio Arco Íris, o MPE também vai investigar se as empresas Editora Gazeta de São João del Rei Ltda. e a Rádio São João del Rei S/A, que têm Andrea como sócia, receberam recursos do governo durante a gestão do irmão. Ela é cotada entre lideranças tucanas de Minas para disputar o governo do Estado em 2014 pelo PSDB.
Aécio se tornou sócio da Rádio Arco Íris, que já era dirigida pela atual presidente do Servas, em dezembro de 2010, dois meses após ser eleito para o Senado. A assessoria do tucano informou que sua mãe, Inês Maria, comprou parte das cotas de Andrea e as repassou ao filho. O Land Rover é um dos 12 veículos registrados em nome da emissora, que está registrada com capital social de R$ 200 mil e faturou R$ 5 milhões em 2010. Inês Maria já tinha participação na rádio quando Aécio entrou na sociedade.
Por meio de nota, a assessoria do senador informou que os responsáveis pela representação - deputados estaduais Sávio Souza Cruz e Rogério Correia, líderes, respectivamente, do PMDB e do PT na Assembleia de Minas - são os mesmo que entraram com "ação idêntica" em 2011 e que a iniciativa tem "caráter político". A nota ressalta que o grupo técnico presidido por Andrea tinha função "meramente consultiva" e que o MPE já arquivou um procedimento sobre o assunto em julho do ano passado ao "considerar a regularidade de todos os procedimentos adotados", conforme documentos entregues ao órgão. O texto diz ainda que a rádio não recebeu patrocínios do governo durante a gestão de Aécio e que obteve "o mesmo número de inserções comerciais realizadas em mais de 300 emissoras" do Estado.
Diretório mineiro defende Aécio
O diretório do PSDB de Minas Gerais emitiu a seguinte nota sobre o caso:
Mensagem: O Diretório do PSDB de Minas Gerais lamenta a reedição de um velho factóide da oposição com o objetivo claro de, mais uma vez, tentar provocar danos à imagem do senador Aécio Neves. Há cerca de um ano, três deputados da oposição solicitaram ao Ministério Público Estadual que fosse investigada a relação entre o Governo de Minas e duas emissoras de rádio e um jornal do interior pertencentes, há decadas, à família do senador Aécio. O Ministério Público investigou o assunto e, comprovada a regularidade de todos os procedimentos, arquivou a denúncia em jullho de 2011. A correção dos atos do Governo do Estado foi atestada também pelo Sindicato das Emissoras de Rádio e TV de Minas Gerais. Curiosamente, mas não por acaso, em fevereiro deste ano, sete meses após o arquivamento da investigação, do qual foi comunicado como parte da ação, o deputado Rogério Correia volta a apresentar a denúncia que ele mesmo já havia apresentado com estardalhaço e que já havia sido arquivada pelo Ministério Público. O novo factóide criado pelo deputado, repetindo a velha denúncia, é explicado pelo desespero em que ele se encontrava neste mês, em função das provas apresentadas sobre seu envolvimento com o falsário Nilton Monteiro na fabricação da chamada lista de Furnas – assunto noticiado nos principais veículos de imprensa brasileiros. O claro objetivo do deputado foi o de tentar confundir a cena política mineira, tirando o foco das graves acusações que pesam contra ele. Aliás, o deputado tão rápido em usar a internet e o microfone para acusações e calúnias, manteve absoluto silêncio sobre as acusações de que é alvo. Até hoje ele não explicou para que contratou Nilton Monteiro em 2005, conforme documento de cobrança registrado em cartório. Porque Nilton monteiro lhe chantageou da prisão? Qual o conteúdo dos telefonemas gravados pela Polícia Federal entre ele e Monteiro? Certamente, o deputado terá a oportunidade de esclarecer os fatos diante dos órgãos competentes, mas antes disso, poderia dar satisfações a seus eleitores e à sociedade mineira.
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