segunda-feira, 12 de março de 2012

SBT - diretor de jornalismo quer demitir repórter que pediu transferência - Por James Akel

Autonomia em baixa; estresse em alta

Colunista de Conexão vê injustiça em possível demissão de repórter pelo diretor de jornalismo - 

Por James Akel  (http://jamesakel.zip.net/)

O diretor de jornalismo do SBT, Paulo Nogueira, está comentendo uma grave injustiça contra um repórter do SBT que Paulo quer demitir.
O repórter, que trabalha de madrugada no SBT, enviou um e-mail para a chefe de redação pedindo para trocar de horário por razões de saúde.
Dias depois, o repórter enviou outro e-mail solicitando apenas uma alteração menor de horário.
E, por fim, enviou outro e-mail dizendo que tinha se adaptado e que não precisava mais trocar de horário.
Paulo Nogueira leu os e-mails enviados à sua chefe de redação e se sentiu em posição desconfortável com os e-mails.
Então, telefonou ao repórter dizendo que iria demiti-lo porque os e-mails deixavam o SBT em situação de perigo se algo acontecesse com a saúde do repórter.
Paulo Nogueira telefonou pra mim para falar sobre isso e o motivo da sua atitude.
Então, exatamente por ele ter telefonado, eu tenho a liberdade de escrever mais ainda sobre o assunto.
E vou fazer.


Primeiro, eu quero escrever que eu já cometi uma injustiça desse tipo que Paulo Nogueira está cometendo e cometi há 30 anos.
Exatos 30 anos, eu demiti injustamente um funcionário de uma rede hoteleira da qual eu era o superintendente.
Na época, eu tinha 28 anos e não tinha maturidade para exercer com grandiosidade o comando da rede hoteleira.
Então, na minha imaturidade, de 28 anos, eu demiti um funcionário de forma totalmente injusta e mesmo com o apelo de um outro diretor pra que eu recontratasse o funcionário eu não o fiz por achar que, se o fizesse, estaria sendo fraco no comando.
Esse meu pensamento foi de uma imbecilidade, aliás própria de um momento de imaturidade.
Vou dar um exemplo de grandiosidade que aconteceu com Boni, o mais poderoso diretor de TV da história do Brasil.
Boni, num momento de raiva por um erro cometido por um diretor de programa da Globo, chamou o cara e o demitiu pelo erro.
O diretor era um bom diretor e cometeu um erro que todos podem cometer.
Mas, naquele momento de raiva, desejando fazer uma TV perfeita, Boni demitiu o diretor que errou.
Passados três dias, pensando com maturidade, Boni voltou atrás e chamou o diretor e recontratou-o.
Isto é ser comandante.

Comandar é saber dar a orientação certa ao grupo e saber perdoar coisas que podem acontecer e que devem ser superadas, desde que o comandante tenha maturidade para tal.
No caso de Paulo Nogueira, diretor de jornalismo do SBT, ele, Paulo, deve estar passando por uma situação estranha, igual à situação dos outros diretores que por lá passaram.
Os jornais do SBT passam por um baixo ibope médio.
Quando isso acontece, os erros podem estar ou no conteúdo ou na apresentação ou nos dois.
Pra assumir que o conteúdo está ruim, Paulo tem que assumir que não está fazendo um bom trabalho, pois ele é o diretor do conteúdo.
Pra assumir que a apresentação está ruim, ele teria que trocar os apresentadores dos jornais.
Mas, no caso do SBT, todos os apresentadores são intocáveis, indemissíveis.
Eu disse todos, Carlos Nascimento, Cintia Benini, Hermano Henning, Analice Nicolau, Joseval Peixoto, Rachel Sheherazade, Karin Bravo e Joyce Ribeiro, além de César Filho, são todos indemissíveis, pois todos estão lá por desejo pessoal de Sílvio Santos.
Então, Paulo Nogueira não pode assumir que o conteúdo do jornal que ele dirige não está bom e não pode trocar nenhum dos apresentadores.
Nesse clima de estresse no comando do grupo, Paulo se sentiu ameaçado com um simples e-mail que era um pedido de ajuda de um repórter.
E nesse clima de estresse, ele comete uma injustiça querendo demitir o repórter que é o único que pode ser demitido porque não tem o apadrinhamento de Silvio Santos.
Paulo Nogueira pode ter um ato grandioso igual fez Boni, o mais poderoso homem da tv brasileira, e não demitir o repórter, pois o repórter é um excelente repórter, um dos melhores do Brasil.
Ou, então, Paulo Nogueira pode cometer a injustiça que eu cometi há trinta anos atrás e de que me arrependo em todos estes anos sem poder mudar mais a situação.
O dia em que Paulo Nogueira cair em si e entender a injustiça que cometeu demitindo, por motivo fútil, um excelente repórter e não podendo mais mudar a situação, ele terá esse peso em suas noites pelo resto de sua vida.
Comandar não é ser imutável nos atos quando os atos são passionais.
Comandar é saber entender um erro próprio e mudar de posição.
Isso fez o Boni.

Um comentário:

  1. Legal o relato e sabemos que erros só nos amadurecem, se nos permitirmos a tal coisa. As vezes não podemos consertar por que o prazo expirou,mas se você sente é sinal de que soube reconhecer o erro e, espero também que o diretor de jornalismo do SBT consiga reverter essa situação.

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