segunda-feira, 12 de março de 2012

Teixeira sai em definitivo. Mas quem fica não dá margem para se pensar em comemorar

Teixeira ri de quem pensa que ele foi embora?

Por Fábio Lau

Ricardo Teixeira deixa a CBF depois de 23 anos de muitos escândalos. De inimigo irreconciliável a amigo preferencial da TV Globo, Teixeira tinha planos alimentados até há poucos meses de fazer da filha a sua sucessora na entidade. Joana Havelange daria seguimento a uma linhagem que começou pouco antes do Brasil conquistar sua primeira Copa do Mundo em 58. Ali, sob o comando de João Havelange, um empresário que saiu do ramo dos Transportes, o país chegaria pela primeira vez ao topo do futebol.


Mas a era Teixeira, que deu dois títulos ao Brasil levando-o a exclusiva condição de penta, nos deu muitos dissabores. E como! Contratos milionários com fornecedores, convocações estapafúrdias de atletas, a maioria sob a suspeita de influência do dirigente, além de acordos de bastidores com empresas de compra e venda de jogadores macularam ainda mais a imagem do futebol do país.
Mas foi numa entrevista à revista Piauí, em julho passado, quando Teixeira se julgava acima do bem e do mal no mundo do futebol, que seu teto começou a ruir. E sobre a própria cabeça. Disse o dirigente, que todas as denúncias que pesavam contra si, e que não eram poucas, não fariam ruído desde que não chegassem ao Jornal Nacional, da Rede Globo. E não chegaram. Mas, como efeito bumerangue, a declaração acabou repercutindo nas redes sociais e levaram outros órgãos de imprensa a abandonar seu silêncio. Até que, num sábado qualquer, quando a audiência é baixíssima, a TV Globo, para fugir do constrangimento, fez menção aos problemas de Teixeira.  O caldo azedou de vez.
Agora há pouco, em entrevista coletiva na CBF, o vice-presidente mais antigo da entidade, José Maria Marin, anunciou o afastamento em definitivo de Teixeira. Marin, um ex-malufista de primeira hora eleito pela Arena, o partido que deu sustentação ao regime militar, será o substituto. Mas Teixeira deixa como herança muito mais do que o vice. Ele se cercou também de Andrés Sanches, do Corinthians, de postura pouco recomendável para um dirigente de entidade de quem se espera imparcialidade, e também de alguns ex-jogadores que há muito buscam lugar ao sol no mundo da cartolagem. Portanto, se alguém acha que o sepultamento político do cartola Teixeira é algo a se comemorar, que o faça. Mas não pense que ri por último.

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