Teixeira ri de quem pensa que ele foi embora? |
Por Fábio Lau
Ricardo Teixeira deixa a CBF depois de 23 anos de muitos escândalos. De inimigo irreconciliável a amigo preferencial da TV Globo, Teixeira tinha planos alimentados até há poucos meses de fazer da filha a sua sucessora na entidade. Joana Havelange daria seguimento a uma linhagem que começou pouco antes do Brasil conquistar sua primeira Copa do Mundo em 58. Ali, sob o comando de João Havelange, um empresário que saiu do ramo dos Transportes, o país chegaria pela primeira vez ao topo do futebol.
Mas a era Teixeira, que deu dois títulos ao Brasil levando-o a exclusiva condição de penta, nos deu muitos dissabores. E como! Contratos milionários com fornecedores, convocações estapafúrdias de atletas, a maioria sob a suspeita de influência do dirigente, além de acordos de bastidores com empresas de compra e venda de jogadores macularam ainda mais a imagem do futebol do país.
Mas foi numa entrevista à revista Piauí, em julho passado, quando Teixeira se julgava acima do bem e do mal no mundo do futebol, que seu teto começou a ruir. E sobre a própria cabeça. Disse o dirigente, que todas as denúncias que pesavam contra si, e que não eram poucas, não fariam ruído desde que não chegassem ao Jornal Nacional, da Rede Globo. E não chegaram. Mas, como efeito bumerangue, a declaração acabou repercutindo nas redes sociais e levaram outros órgãos de imprensa a abandonar seu silêncio. Até que, num sábado qualquer, quando a audiência é baixíssima, a TV Globo, para fugir do constrangimento, fez menção aos problemas de Teixeira. O caldo azedou de vez.
Agora há pouco, em entrevista coletiva na CBF, o vice-presidente mais antigo da entidade, José Maria Marin, anunciou o afastamento em definitivo de Teixeira. Marin, um ex-malufista de primeira hora eleito pela Arena, o partido que deu sustentação ao regime militar, será o substituto. Mas Teixeira deixa como herança muito mais do que o vice. Ele se cercou também de Andrés Sanches, do Corinthians, de postura pouco recomendável para um dirigente de entidade de quem se espera imparcialidade, e também de alguns ex-jogadores que há muito buscam lugar ao sol no mundo da cartolagem. Portanto, se alguém acha que o sepultamento político do cartola Teixeira é algo a se comemorar, que o faça. Mas não pense que ri por último.
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