terça-feira, 3 de abril de 2012

DEM começa hoje a expulsão de Demóstenes Torres - PSOL age pela cassação

Céu e inferno em 60 dias

Por Mariana Haubert – congressoemfoco.com.br 

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) não entregou à cúpula do DEM as explicações que o partido lhe pedia a respeito de suas relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e das denúncias de envolvimento com o jogo ilegal. Assim, o DEM resolveu abrir processo que deverá levar à expulsão do senador goiano da legenda. Amanhã (3), ele será oficialmente comunicado sobre a decisão da cúpula do partido.
Ontem o PSOL entregou pedido de investigação do senador que pode resultar no seu processo de cassação por falta de decoro.
Em tese, o senador terá sete dias consecutivos para se defender, mas o presidente do partido, senador José Agripino (RN), já sinalizou que o mais provável é que ele acabe mesmo sendo expulso. “A conduta ética é sagrada para o Democratas. O Demóstenes é uma figura estimada. É uma decepção. Nós todos lamentamos”, afirmou Agripino.


Segundo o presidente da legenda, a decisão foi tomada após a constatação de que houve por parte de Demóstenes desvio de conduta partidária. “O incômodo partidário é um fato que está posto. O Senado está em xeque, e a classe política também o está. Mas quem mais está em xeque é a formulação programática do partido, é a conduta partidária do Democratas que não convive com a perda do padrão ético”, afirmou o senador.
Agripino também reclamou do silêncio de Demóstenes. Segundo o senador, foi dado prazo para que ele se explicasse, e até agora nenhuma defesa foi apresentada. “Nós demos o prazo e não foi apresentada defesa nenhuma. Nós estamos tomando uma decisão. Não houve nenhuma definição por parte do senador em relação a prazo, de um pronunciamento na tribuna, de uma defesa contundente no Senado”, disse.
Defesa
A partir da abertura do processo de expulsão, Demóstenes terá sete dias consecutivos para apresentar sua defesa. Apesar de ser dada como certa sua expulsão por parlamentares da cúpula do DEM, o partido deve analisar o caso, ouvir o que Demóstenes tem a dizer e, então anunciar sua decisão sobre a permanência do senador em seus quadros.
Ainda que seja expulso, o DEM não poderá requisitar o mandato de Demóstenes por não se tratar de um caso de infidelidade partidária. Dessa forma, ele pode continuar a exercer o seu mandato, mesmo sem partido. Apesar da abertura do processo, lideranças do DEM esperam que Demóstenes peça, por conta própria, a desfiliação. Segundo Agripino, tal gesto reduziria o desgaste político.
Reunião
Demóstenes encontrou-se com o presidente do DEM em Goiás, deputado Ronaldo Caiado, durante a tarde. No início da noite, Caiado compareceu a uma reunião na casa do presidente da legenda, senador José Agripino (RN), em Brasília. Também participaram do encontro o deputado ACM Neto (DEM-BA) e o vice-presidente do partido no estado, o vice-governador goiano José Eliton. Segundo Agripino, a decisão foi tomada em conjunto. “O clima da reunião foi tenso”, declarou. Durante a entrevista concedida após a reunião, ACM Neto declarou que o clima no partido é “ruim”. “Estamos perplexos com o Demóstenes”, disse.
Interlocutor privilegiado de Demóstenes, Caiado relatou ao líder do DEM na Câmara que o senador alegou não ter tido tempo para analisar o inteiro teor das investigações, e que também não teve acesso a todos os inquéritos do processo. Questionado sobre o que mais Caiado teria relatado sobre a conversa com Demóstenes, ACM Neto disse que não poderia se pronunciar.
Conselho de Ética
No próximo dia 10, o Conselho de Ética do Senado realizará a escolha de novo presidente. Assim que houver a definição, o conselho deverá analisar o pedido feito pelo Psol de investigação do senador goiano por quebra de decoro parlamentar. Após a análise do relatório do conselho pelo plenário, o processo poderá resultar na cassação do mandato de Demóstenes Torres.
O vice-presidente do Conselho e presidente interino, senador Jayme Campos (DEM-MT) já se declarou impedido para julgar o colega. Ainda que Demóstenes peça a desfiliação do partido, Agripino garantiu que Campos não presidirá o conselho.
Hoje (2), o Psol entregou novo ofício ao Conselho de Ética para pressionar pela análise célere do caso. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (AP), a Casa já está postergando demais a resolução do impasse. “A situação é insustentável. A responsabilidade agora é do Senado e a Casa não pode tardar nesse dever”, disse. O partido pede que o Conselho se reúna na quarta-feira (4).

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