quinta-feira, 5 de abril de 2012

Liberdade de um criminoso não pode ser confundida com liberdade de imprensa

Quando a tentativa de denúncia vira crime

Da redação

Alguns órgãos de imprensa deveriam vir a público explicar suas relações com o crime organizado – mesmo aquele supostamente de colarinho branco. Reportagem do Correio Braziliense sugere que as imagens feitas de políticos entrando em um hotel em Brasília, que acabou se escândalo as avessas com a tentativa de invasão de um quarto de hotel tenha sido orquestrada por Carlinhos Cachoeira. A finalidade? Coação e extorsão. A combinação crime e divulgação através de órgão oficial representam conluio, cumplicidade e parceria no crime. E fere de morte o que se chama liberdade de imprensa. Afinal, o espetáculo tem garantido a liberdade apenas daquele que há muito deveria estar na prisão. Ou daqueles.

247 – As relações perigosas entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e alguns órgãos de imprensa, especialmente a revista Veja, ainda prometem dar muito pano pra manga. Já se sabia que Cachoeira produziu diversos grampos e vídeos clandestinos utilizados pela revista nos últimos anos, como a fita em que Maurício Marinho, ex-funcionário dos Correios, aparecia recebendo uma propina de R$ 5 mil – denúncia que desencadeou o processo do Mensalão. Agora, segundo o jornalista Luiz Carlos Azedo, principal colunista político do Correio Braziliense, surgem indícios de que Cachoeira também esteve por trás da gravação de imagens no hotel Naoum, no fim do ano passado, que captaram encontros do ex-ministro José Dirceu com autoridades do governo federal, como o ministro Fernando Pimentel e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
À época, um repórter da revista Veja, Gustavo Ribeiro, foi acusado de tentar invadir o apartamento do ex-ministro para demonstrar que ele estaria atuando como lobista no governo federal. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil do Distrito Federal, mas o jornalista não foi indiciado porque a invasão, impedida pela camareira do hotel, não se consumou. Veja, no entanto, publicou imagens do corredor do hotel, que não foram captadas pelo circuito interno de imagens do Naoum. Segundo Azedo, do Correio Braziliense, o vídeo pode ter sido produzido pela gangue de Carlinhos Cachoeira, que foi fonte contumaz da revista nos últimos anos. A reportagem de Veja, que terminou nas páginas policiais, também contribuiu para a queda do ex-redator-chefe da publicação, Mario Sabino.
Caso a informação se confirme, será mais um problema para a Editora Abril, que ainda não se explicou de forma convincente sobre a parceria editorial com um dos maiores contraventores do País. Leia, abaixo, a nota que Azedo publicou no Correio Braziliense:
Há rumores de que Cachoeira estaria na iminência de se tornar réu colaborador, passando às autoridades mais informações do que as obtidas nas investigações, o que fecharia o cerco a políticos e empresas envolvidas em ilícitos. Até magistrados estariam enrolados nos seus grampos, alguns dos quais serviram de base para denúncias da imprensa, como as imagens (sem áudio) dos encontros do ex-ministro José Dirceu num hotel de Brasília.


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