Por Fábio Lau
Poucas pessoas quando morrem merecem ter destacado um defeito. Zé Grande é uma delas. Não há como não mencionar um problema em Zé Grande que incomodava muita gente que conviveu com ele. Mas seria injusto não citá-lo. O perfume. Zé Grande adentrava a redação de O Dia, ostentando seu crachá de Noticiarista, lá pelas 19h ou 20h, com um perfume doce de essência jamais identificada. E saía apertando a mão de todos. Sempre de forma elegante, educada e, claro, doce. Muito doce. As mãos de todos ficavam impregnadas com o perfume de Zé Grande. Inconfundível. Assim como seu jeito de meninão levado que convidava, de ouvido em ouvido, para irmos a um baile do Clube Democráticos. Zé tinha paixão pelo clube tradicional do Centro do Rio, assim como tinha pelos velhos amigos de profissão. Era um dos jornalistas mais conhecidos no interior do Estado. Não havia delegacia em que o plantonista não conhecesse o velho Zé Grande pelo nome e pela fama de mais de dois metros de altura. E histórias acerca do adocicado Zé é que não faltavam. Tem aquela do assassinato ocorrido em um apartamento do Flamengo quando o marido matou a mulher porque ela se recusara a limpar o peixe. Sem testemunhas, Zé Grande não hesitou em transcrever o diálogo final que resultou na fatídica facada: "mulher, limpe os mesmos!!" A recusa levou à morte. Outra história narrada por ele às gargalhadas dava conta da sua primeira experiência no mundo do crime, quando foi ao local do homicídio e não pegou a fotografia do morto - chamada no jargão jornalístico de "boneco". O chefe mandou que ele voltasse à casa da vítima e pedisse "o boneco" à viúva. E assim ele fez. A viúva o expulsou a tapas da casa. Como alguém poderia chamar a imagem de um chefe de família de algo tão pouco edificante? A morte de Zé Grande deixa-nos órfãos de um pouco do jornalismo romântico, apaixonado e, por que não dizer, adocicado. Vá com Deus, Zé Grande!
Gostei de conhecê-lo através das suas palavras, Lau. Grande Zé!
ResponderExcluirPois é, Karen. Zé Grande também tinha uma outra história sensacional. Ele cochilava na Redação. Afinal, ele dava expediente nos Democráticos, na Santa Casa e no Dia. Vida dura!! Certa vez apagaram as luzes e continuaram teclando nas máquinas de datilografia. Ao acordar e ver as pessoas trabalhando (simulando trabalho) e tudo as escuras, ele se desesperou: "estou cego!!! Estou cego!!!"
ResponderExcluirQuando conheci Zé Grande, esse defeito (o perfume) eu não percebi. Claro, como estagiária da noite da rádio Tupi, nossos primeiros e geniais contatos foram por tel... Até o dia que passei a frequentar algumas das reuniões de botequim que aconteciam na parte da tarde, em locais onde o perfume dele conseguia superar até mesmo o forte cheiro de sardinha frita. Foram tarde muito divertidas sobre histórias fantásticas que deixaram em mim a sensação de ter descoberto a melhor profissão do mundo....Um grande beijo, Zé Grande.
ResponderExcluirE a história que a perícia o confundiu com um defunto? Conta aí, Elenilce!!!
ResponderExcluirZé Grande encarnou, como poucos, o repórter policial! No O Dia eu aprendi muito com ele, que era um gentleman. Uma vez, pelo JB, eu consegui entrevistar um sequestrado que havia sido libertado, no Leblon... Zé Grande estava de plantão na outra residência dos familiares da vítima, na Lagoa. Chegou, junto c/ outros colegas, esbaforido, preocupado e as mãos tremendo. Implorou: "Passa aí o que ele falou, por favor!" Nem precisava pedir, Zé: Nem que eu quisesse te daria um "furo"... Afinal, era impossível esconder algo de você, que foi meu mestre!!! OBS: Cheguei a ir num dos bailes no Democráticos, a pedido dele. Bem, descanse c/ Deus em paz, amigo (as lágrimas me impedem de continuar)!
ResponderExcluirAss: Maurício Tambasco.
"tudo tem o seu tempo determinado,e há tempo para todo
ResponderExcluirpropósito debaixo do céu: há tempo e nascer e tempo e morrer;tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;tempo de matar e tempo de curar;tempo derribar e tempo e edificar;tempo de chorar e tempo de rir;tempo prantear e tempo de saltar de alegria".EC:3:1,2,3,4
Deus escolheu este dia,vá em paz.
Ass: Marcos fraga e Cris fraga